sábado, 14 de agosto de 2010

Crônicas de uma campanha

Como viemos parar aqui? O friozinho na barriga não me deixa esquecer esta pergunta...
Tento me distrair, cumprimentando as pessoas que chegam. Penso que o nervosismo vai passar logo que o Paulo chamar todo mundo e começar a fala. Sento ao lado da Andrea. 

Tento me distrair, cumprimentando as pessoas que chegam. Penso que o nervosismo vai passar logo que o Paulo chamar todo mundo e começar a fala. Sento ao lado da Andrea. 

Combinamos que eu falarei primeiro, sobre os pontos que propusemos no convite, as preocupações do grupo, e depois ela fala sobre os princípios da proposta: democracia, diversidade e transparência (palavras que serão povoadas pelos sentidos que conseguirmos dar a elas daqui para frente). E é isso que viemos propor a alunos, colegas (professores e técnicos) e amigos.
Mas, o friozinho na barriga não passa, e me lembro novamente da pergunta: Como viemos parar aqui? Como é mesmo que começou essa história? Bem... Tento responder a questão antes que o Paulo nos chame para falar: começou nos últimos meses, ou nas últimas semanas, em pequenas conversas, algumas esparsas, nos corredores, outras na confeitaria da esquina, em pequenos grupos, entre pares com grandes ou pequenas afinidades.
Nesses pequenos encontros, conversávamos sobre nossos alunos, nossas aulas, cursos, pesquisas, projetos e a tônica era uma sentida falta de interlocução, um certo esvaziamento do Setor de Educação como espaço criativo de atuação/ produção/ formação. Esse esvaziamento, percebido/sentido em todas as esferas de atuação do nosso Setor (ensino de graduação e de pós-graduação, projetos de pesquisa e de extensão, representações em unidades internas e em colegiados superiores) nos fazia querer pensar algo diferente, propor uma forma mais representativa de ‘coletividade’ (palavra gasta? Depende...). Num grupo não muito grande, e nem sempre o mesmo, pensamos em propor um grande debate sobre algumas propostas de gestão para o Setor, entendendo a Universidade como espaço privilegiado para a manifestação da diversidade e da democracia, dos saberes e das práticas, criando as condições necessárias para a produção e a distribuição do conhecimento. Abandonamos a idéia: um debate assim, tão distante das eleições, talvez ficasse esvaziado pela nossa “falta de prática” de debater questões que, aparentemente, estão num plano distante, pois não resolvem o problema de falta de gabinetes ou salas de aula, e nem mesmo conta pontos na nossa produção científica. Decidimos então por algo mais provocativo, algo que criasse um fato e então pudéssemos deflagrar o debate.
E aqui estamos! Ouço o Paulo falar algo sobre a chapa – ao ser lançada, ela poderia criar, aos poucos, devagarzinho, a necessidade de conversar, debater, sugerir, propor, construir... Entre tantos nomes, os nossos: o do Paulo, o meu e o da Andrea. Sem que estivesse nos nossos planos, a chapa foi se consolidando. Isso me fez pensar que essa história pode ter começado antes mesmo de uma proposta para concorrer às eleições. Talvez tenha começado em 2007, quando eu e a Andrea partilhamos nossa experiência como chefes de departamento, buscando recuperar ou re-significar práticas de decisão coletiva. Várias vezes saíamos das reuniões do Conselho Setorial ainda discutindo e considerando alternativas, construindo uma parceria improvisada, surgida nos momentos em que defendíamos – juntas – a necessidade de transparência, objetividade e principalmente democratização das decisões tomadas ali. E isso me pareceu fazer sentido... Tudo isso – esse movimento - pode ter começado naqueles embates...
Novamente, ouço os agradecimentos do Paulo pela presença de todos. Vendo todas essas pessoas nos olhando, penso que a história pode ter começado, na verdade, muito antes, nas conversas cotidianas com os pares, no cafezinho, com alunos e técnicos, sobre tudo o que já conseguimos, nos últimos anos, neste Setor, mas também sobre o que ainda nos falta, sobre o que nos frustra e/ou deixa de ser representativo! Precisamos de mais alegria, e também de mais compromisso! De mais espaço, e também de mais interlocução! De condições reais de trabalho, e também de criatividade! De mais pesquisa, e também de mais condições de publicação! É disso que se trata! Nesses últimos anos, muitas foram as vozes que reclamaram uma possibilidade de fazer diferente. E são essas pessoas que gostaríamos de encontrar daqui em diante para construir uma proposta plural, sem a promessa do consenso, mas com o respeito à diversidade, com o direito à contradição.
Ouço, finalmente, o Paulo apresentar a chapa...  E o friozinho na barriga parece que não vai passar!! 
(escrito por Deise)

2 comentários:

  1. Deise e Andréa
    fazer diferente é sempre um desafio, mas necessário.
    confio na competência de vcs para construirmos mudanças e avanços que desejamos para o Setor de Educação.
    Nadia G. Gonçalves
    DTPEN

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  2. REGINA MARIA MICHELOTTO22 de agosto de 2010 às 02:48

    Recado aos alunos da EAD:
    Caros, sabemos o quanto pode ser democrático o uso da tecnologia a distância para a formação de muito mais pessoas. Com isso, atacamos cada vez mais o elitismoa que ainda pode estar ocorrendo na UFPR. Sabemos, porém, que não podemos nem devemos abrir mão da qualidade dos cursos. Para garanti-la, precisamos juntar forças, professores, alunos e técnicos e buscar um trabalho cada vez melhor, não apenas nos cursos em EAD, mas também nos presenciais. Tenho certeza de que vocês desejam o mesmo e estão dispostos a contribuir para que isso aconteça. Apoio a chapa da Andréa e da Deise porque tenho a certeza de que elas propiciarão debates democráticos na busca de um setor cada vez melhor, capaz de atuar coletivamente.
    Grande abraço e desejo de SUCESSO!
    Regina Maria Michelotto

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